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Isso faz toda a diferença


O medo, a tristeza, ansiedade a depressão são sintomas que antecedem, escondem, apontam ou revelam algo do desejo. É a forma ao qual o sujeito se coloca diante das questões que o desejo lhe impõe que os sintomas se manifestam. A pessoa apresenta crise de ansiedade, crise de choro, medo de sair de casa, uma sensação forte de angustia, ao ponto as vezes de paralisar, e com momentos frequentes de irritabilidade, e na maioria das vezes, não sabem o que motivou tais estados, isso quando não diz que foi do “nada”. De certo que muitas dessas sensações são intensificadas após algum evento traumático, mas os sintomas não se iniciam e nem se encerram nos acontecimentos traumáticos, ele é formado ao longo da vida, através das experiências que o sujeito atravessou. O que causa tudo isso? A falta, em dois sentidos; a estruturante, pois o sujeito só se torna sujeito quando ele deseja e o desejo é instituído a partir de uma falta, em Freud, do objeto perdido, em Lacam, do objeto faltoso, pois esse objeto perdido não existe. E a falta da fala, do discurso, do sujeito poder falar sobre o que te incomoda. Os sintomas são perguntas lançadas ao sujeito, e à medida que o sujeito se cala diante da pergunta, as experiências sintomáticas vão se intensificando, e em muitos casos encontrando terra fértil no próprio corpo.

Por que muitos desses sintomas tornam-se insuportáveis? Porque o sujeito, por não falar, acaba carregando o peso das palavras dos outros, aqui, ele não carrega apenas a sua cruz, ele carrega a de todo mundo; mãe, pai, irmão, namorado, marido, amigo, chefe e a lista continua. Carrega tais pesos, pois imagina, inconscientemente, que não vai aguentar levantar o peso das suas próprias palavras, dito de uma outra maneira, o sujeito tem medo de ser quem é, de conseguir o que se quer, de fazer o que gostaria. Não atoa e com frequência escuta-se na clínica pacientes se queixando de estar cansado em não conseguir fazer as coisas, se sente incompetente, incapaz, isso sem levar em consideração o fato de o paciente se comprometer com mil atividades, quer resolver o problema de todo mundo, quer agradar a todos, não consegue dizer não, ou seja, estuda, calcula, se prepara, toma todas as decisões certas para errar; falhar e fracassar, em outro sentido, para permanecer na posição que chamamos na psicanalise, de gozo, causando um sofrimento psíquico.

Por isso é importante que o sujeito não se cale, fale, encontrando ou criando suas próprias palavras, autorizando-se, não falando em nome de outros, falando em nome próprio. Isso faz toda a diferença



Railan Araújo, Psicólogo e Psicanalista.



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